Resumo
OBJETIVO: Identificar alterações oftalmológicas em uma amostra de crianças com síndrome congênita por zika vírus do município de Cuiabá, correlacionar esses achados com a infecção congênita por zika vírus e apresentar o quadro clínico apresentado pelas mães das crianças avaliadas.
MÉTODOS: Este estudo é um relato de série de casos, observacional, descritivo.
RESULTADOS: Foram examinadas 29 crianças entre março de 2019 e março de 2020, das quais 3 foram excluídas após confirmação diagnóstica de citomegalovirose durante a revisão de prontuário. A idade média das crianças foi de 2,21 ±0,79 anos. Quinze das 26 crianças eram do sexo feminino. A maioria das mães (57,69%) referiu sintomas durante a gestação. Microcefalia esteve presente em 73,08% das crianças (19/26) e, desses pacientes, 55,26% de seus olhos apresentou algum grau de alteração estrutural. A média de equivalente esférico da amostra foi de +0,49 ± 2,13 dioptrias. A pressão intraocular média foi de 14 ± 2,59 mmHg. A média do diâmetro corneal foi de 11,36 ± 0,72 mm. A espessura de córnea central mostrou valor médio de 568,33 ± 46,21 µm. O diâmetro ântero-posterior médio foi de 21,08 ± 1,21 mm.
CONCLUSÃO: A frequência de achados oftalmológicos por síndrome congênita por Zilka Virus foi semelhante à de outros estudos. Alterações fundoscópicas foram encontradas em 46,15% dos olhos examinados. Outras anormalidades oculares também foram muito prevalentes, como erros refrativos, nistagmo e estrabismo. Os dados biométricos oculares (diâmetro corneal, diâmetro ântero-posterior, espessura da córnea central) foram normais em relação à população saudável da mesma faixa etária.
Palavras-chave: Oftalmologia; infecção por Zika vírus; manifestações oculares; Microcefalia; síndrome congênita de Zika; Doença por Zika vírus.