Resumo
Ceratocone raramente é uma emergência, a menos quando há hidropsia corneana, ruptura da membrana de Descemet que permite o vazamento do humor aquoso para o estroma corneano, levando à redução abrupta da visão, podendo ser acompanhada de dor, desconforto e fotofobia. O tratamento desta condição clínica tem sido controverso. Este relato apresenta um caso clínico em que a paciente com diagnóstico de ceratocone em ambos os olhos compareceu ao serviço de emergência com quadro de dor, irritação e fotofobia no olho direito, com início súbito. Orientou-se jejum e repouso e foram prescritos colírios das seguintes soluções: dimetilpolisiloxane quatro vezes ao dia, tropicamida três vezes ao dia e moxifloxacino a cada hora até a intervenção proposta: injeção intraestromal corneana de 100µL de sangue autólogo. No pós-operatório imediato notava-se ausência do sinal de Seidel ou hifema. Durante o seguimento, a paciente manteve-se assintomática com notável reabsorção do sangue autólogo, aguardando transplante penetrante de córnea. O preenchimento das fendas estromais com sangue autólogo mostrou-se eficaz em bloquear o vazamento do aquoso mediante processo de coagulação/inflamação perifistular corneana. Demonstra-se, portanto, um método seguro de “contenção de danos” até a viabilidade do procedimento resolutivo.
Palavras-chave: Ceratocone; Córnea; Ectasia; Complicação; Hidropsia.