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Impressões de Congressos da Especialidade

XXX Reunião do Club Gonin. Bordeaux, França, de 6 a 9 de julho de 2016

XXX Meeting of the Club Jules Gonin. Bordeaux, France, July 6-9, 2016

Carlos Augusto Moreira Júnior

DOI: 10.17545/e-oftalmo.cbo/2016.57

RESUMO

Impressões sobre a reunião do Clube Gonin em Bordeaux, França, de 6 a 9 de julho de 2016.

Palavras-chave: Retina, Retinopatia diabética, Procedimentos cirúrgicos oftalmológicos

ABSTRACT

Impressions on Gonin Club meeting in Bordeaux, France, 6-9 July 2016.

Keywords: Retina, Diabetic Retinopathy, Ophthalmologic, Surgical Procedures

IMPRESSÕES E AVALIAÇÃO:

1) Estatinas que diminuem colesterol podem ajudar no tratamento da DMRI

Os autores Miller e cols. da Universidade de Harvard, USA, mostraram que altas doses de estatinas, medicação que ajuda a controlar o colesterol, diminuem características de alto risco para degeneração macular, como os depósitos drusenoides e diminuem a ocorrência de degeneração macular do tipo úmida. No estudo, foram seguidos 26 pacientes por um período de 12 a 18 meses e que tomaram 80 mg/dia de atorvastatina (LipitorR). Durante o seguimento nenhum deles apresentou membrana neovascular sub-retiniana e em 10 pacientes houve melhora da visão.

2) Descolamento do Epitélio Pigmentado (DEP) enrugado tem melhor prognóstico do que DEP alto e liso quando tratado com anti-VEGF

Mimoun e cols. da Universidade de Paris-Est, avaliaram 29 olhos com DEP enrugado e 23 olhos com DEP liso, tratados com anti-VEGF por 4 anos. A visão ao final do seguimento foi estatisticamente melhor no grupo com DEP enrugado (log MAR 0.36) quando comparado com DEP liso (log MAR 0.62) – p=0.01

 

 

3) Estafilomas posteriores de olhos alto-míopes avaliados com wide-fieldimages e MRI

Ohno-Matsui e cols. da Universidade de Tokyo avaliaram 1060 olhos com miopia axial maior que 26,5 mm com fotos coloridas de 200 graus, OCT de 16 mm e ressonância magnética (MRI) em 3 D. Estafilomas posteriores foram detectados em 55% dos olhos, sendo mais comum o estafiloma amplo da mácula, que atinge todo polo posterior(79%), seguido pelo estafiloma estreito da mácula (15%), peripapilar (3%) e nasal(2%). Mesmo em 40% dos olhos não-alto-míopes, de pacientes com alta-miopia unilateral, foram observados estafilomas posteriores, mostrando que miopia unilateral pode ser uma doença que afeta os dois olhos.

 

 

4) Tratamento da hemorragia sub-macular com injeção de TPA e VPP

Avci e cols. da Universidade de Izmir, Turquia, mostraram que casos com amplas hemorragias sub-retinianas por MNVSR podem ser adequadamente tratados até 3 semanas após o inicio dos sintomas. A técnica de VPP, injeção sub-retiniana de r-TPA 0,05ml em conjunto com injeção de anti-VEGF, também no espaço sub-retiniano e na mesma dose da injeção intravítrea, preenchimento da cavidade vítrea com 60% de C3F8 a 5% traz bons resultados visuais.

 

 

5) OCT angiografia em pacientes com pseudodrusas reticulares

Eter e cols., da Universidade de Muenster, Alemanha, mostraram que pacientes com pseudodrusas reticulares têm redução significativa da densidade vascular e do fluxo sanguíneo na camada coriocapilar e que, portanto, a coriocapilar desempenha papel importante na patogênese da doença.

 

 

6) OCT en-face da camada de fotorreceptores nos casos de buracos maculares operados com sucesso

Yu e cols., da Universidade de Seoul, Coreia, analisaram 112 olhos com buraco macular fechado após a cirurgia e fizeram OCT en-face da zona elipsoide antes e depois da cirurgia por até 1 ano. Eles verificaram que a presença de material hiper-reflexivo nesta zona antes da realização da cirurgia é indicativo de mau prognóstico visual.

 

 

7) Comparação de resultados visuais em pacientes com membrana epiretiniana (MER), com e sem retirada da membrana limitante interna (MLI)

Ripandeli e Stirpe da fundação Bietti na Itália, avaliaram os resultados de 60 olhos com MER por 24 meses. Em 30 olhos, além da retirada da MER foi retirada a MLI. Ao final do seguimento observou-se menor sensibilidade de contraste e maior número de micro-escotomas na região central no grupo que retirou a MLI.

8) Programa on-line para avaliar resultados de cirurgias de descolamento de retina

The BEAVRS group do Reino Unido avaliou mais de 3000 casos operados de descolamento de retina por esse programa. Observou que nos casos com macula-off até 4 dias, o resultado visual foi melhor que naqueles com macula-off por mais de 4 dias. Também associou a presença de PVR grau C e descolamento nos 4 quadrantes com pior resultado visual.

9) Ozurdex no tratamento do PVR estabelecido

Charteris e cols., do Moorfield Hospital de Londres, não observaram melhora anatômica nos resultados de pacientes que foram operados por descolamento de retina com PVR. O Ozurdex foi injetado ao final da cirurgia de VPP e óleo de silicone em 140 olhos. Este grupo obteve reaplicação completa da retina em 49% dos casos e o sucesso no grupo controle foi de 46%.

10) Fatores preditivos de melhora da acuidade visual em pacientes tratados com anti-VEGF para edema macular diabético (EMD)

Augustin e cols., da Universidade de Karshue na Alemanha, avaliaram 335 olhos com EMD e que foram tratados com ranibizumab. Observaram que, se no período de 12 semanas, após 3 injeções, o paciente apresentou melhora inferior a 20% em relação ao início do tratamento, ele não será um bom respondedor à injeção deste antiangiogênico.

11) Efeito da adesão vítreo-macular (VMA) no tratamento de edema macular diabético (EMD) com ranibizumabe

O READ study group avaliou o tratamento do EMD em 26 pacientes com adesão vítreo-macular positiva, segundo o OCT. Ao fim de 6 meses, observaram que a melhora da acuidade visual deste grupo foi similar ao grupo sem adesão VMA. Portanto, a presença de VMA não interfere no tratamento do EMD com ranibizumabe.

12) Resultados visuais da vasculopatia polipoidal da coroide (PCV) sem tratamento imediato

Ogura, da Universidade de Nagoya, Japão, mostrou que lesões polipoidais, que não colocam em risco a visão central, não precisam de tratamento. Somente aquelas com exsudação ou hemorragia maculares e com pólipos maiores que 400 micra devem ser tratadas com PDT e anti-VEGF.

 

 

13) Monossomia do cromossomo 3 em pacientes com melanoma uveal

Bornfeld e cols., da Universidade de Essen, Alemanha, compararam o resultado de pacientes com tumores que tiveram biopsia positiva para melanoma e que tinham monossomia 3 com o resultado de tumores enucleados de pacientes com monossomia 3. Os tumores biopsiados eram menores e foram submetidos a tratamento precoce com braquiterapia e, mesmo tendo monossomia 3, tiveram menor índice de metástases que os tumores maiores de olhos enucleados.

14) Vitreólise pneumática para o tratamento da VMT focal e buraco macular estágio 2

Chan e Mein de San Antonio, USA, realizaram vitreólise pneumática em 33 olhos com VMT focal, injetando 0,3 ml de C3F8 a 100%. Poderiam ficar em qualquer posição exceto em supinação, ou seja, olhando para cima. DVP foi observado em 88% dos olhos tratados com melhora da visão, índices melhores que a injeção de ocriplasmina.

 

 

15) Posição no pós-operatório de buraco macular

Cour e Alberti da Universidade de Copenhagen, Dinamarca, estudaram 68 olhos com buraco macular e que foram submetidos a cirurgia de VPP e injeção de gás C3F8. Metade dos pacientes ficaram na posição com a cabeça olhando para baixo e a outra metade apenas evitou a posição supina, ou seja, olhando para cima. Os resultados quanto ao fechamento do buraco (97%) e quanto à visão foram iguais. A variável que desempenhou maior papel no fechamento dos buracos foi o montante de gás dentro do globo ocular no dia 4 de PO. Quanto maior a quantidade de gás, maior o índice de fechamento do buraco macular.

16) Bevacizumabe para o tratamento de retinopatia diabética proliferativa

O PACORES (Pan-American Colaborative Retinal Study Group) verificou que olhos com RDP e que tinham panfotocoagulação prévia puderam ser bem controlados com injeções de antiangiogênicos. Para os olhos que não tinham panfotocoagulação, somente 42% deles conseguiram controle ou regressão da RDP após 24 meses de seguimento.

17) Floaters no vítreo

Sebag e cols., USA, estudaram 129 olhos com floaters no vítreo e verificaram que tais floaters diminuem a sensibilidade de contraste em 75% e por isso é a causa de insatisfação dos pacientes com essa alteração. Em todos esses pacientes foi realizada VPP com 25G, deixando o vítreo retro-cristaliniano para evitar formação de catarata. Após a cirurgia, a sensibilidade de contraste medida pelo índice de Weber melhorou para 99%, o que foi responsável pela satisfação dos pacientes com o procedimento. Houve a formação de catarata em um olho e descolamento de retina em outro.

18) Cirurgia 3D

Toth e cols., da Duke University, mostraram sua experiência com cirurgia tridimensional com o equipamento Ngenuity da Alcon e com OCT intraoperatório. Observaram a praticidade desse tipo de técnica, bem como a menor necessidade de iluminação para procedimentos intravítreos e retinianos. O OCT durante o procedimento mostra com precisão trações sobre os tecidos retinianos.

19) Embolia pulmonar por infusão gasosa durante VPP

Albini e cols., do Bascom Palmer em Miami, mostram que, se o trocater da infusão ficar no espaço supra-coroideano, existe a possibilidade concreta de embolismo pulmonar agudo pela passagem de ar para as veias vorticosas. Estabeleceram um modelo animal para estudar o problema e mostraram que já ocorreram casos de morte súbita durante troca fluido gasosa em cirurgias vítreo-retinianas.

20) Peeling da Membrana Limitante Interna (MLI) em VPP para retinopatia diabética

Romano, da Universidade de Nápoles, Itália, observou que aumenta o número de alterações intra-retinianas nos pacientes diabéticos que se submetem à VPP com peeling da MLI, principalmente com a presença de cistos intra-retinianos. O dano iatrogênico é maior com o peeling da MLI nos pacientes com retinopatia diabética quando comparados àqueles que não retiraram a MLI.

 

FONTE

XXX Meeting of the Club Jules Gonin. Bordeaux France. July 6-9, 2016. Final Programme. https://www.eyefox.com/3858/30th+Meeting+of+the+Club+Jules+Gonin.html

 

 

Fonte de financiamento: declaro não haver.

Conflito de interesses: declaro não haver.

Recebido em: 29 de Julho de 2016.
Aceito em: 1 de Agosto de 2016.


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